ANOTHER CLOWN

Estava me perguntando o porquê do palhaço esconder-se atrás de pinturas e palhaçadas, de brincadeiras e sorrisos, muitos acreditam ser por causa das crianças, que possuem uma imaginação muito ligada ao visual, acreditem não é. O palhaço nada mais é do que uma pessoa comum com sentimentos muitas vezes conflitantes para si mesmo, ele acredita piamente que é importante para algumas pessoas, afinal ele se coloca no centro do picadeiro e por um breve momento tem toda a atenção que deseja para sua vida, pobre pierrô traído por sua ilusão, não vê que ele é apenas um mero objeto de distração no mundo dessas pessoas que ele toma muitas vezes como de sua própria família. Mais o que a melancólica vida de um palhaço tem a ver com este que vos escreve? Não sei talvez nada, porem hoje acordei me sentindo um palhaço sem picadeiro, maquiagem e palhaçadas, também me sentindo como um equilibrista na tênue e fina corda que me separa da loucura e razão, há dias que sinto essa corda balançar sob mim de tal forma que não posso mais ver a razão, não posso mais ver um futuro a minha frente, apenas o escuro e vazio abismo que se aproxima de mim. Assim como um domador de leões tento afugentar de mim as feras internas que teimam em me atacar, e a cada dia mais me ferem com suas dolorosas garras e dentes, não sabe caro leitor o quanto tento ser forte me agarrando apenas a meu inseparável chicote de esperança em dias menos dolorosos. A única razão que me mantêm vivo é mesmo a força que creio ainda ter de controlar minha psique, porem meu domínio sobre ela já esta bastante fora de equilíbrio como o necessário para o malabarista e suas inúmeras claves. Não sei ao certo o que pensar ou fazer nesses dias de intensas batalhas interiores com um eu que pensei sinceramente não possuir, um eu que me é inimigo em minhas próprias trincheiras, como um atirador de facas em que preciso confiar mesmo sabendo que possui tremulas mãos calejadas e feridas pelo tempo. Sinto vontade de me entregar, não vejo mais razão por essa tão dolorosa luta, no entanto o que me resta de lucidez me impede, teimando em ainda acreditar que no final deste espetáculo de horrores sou mesmo apenas o palhaço, que vê em seu publico a saída para todos os seus males, que acredita que se maquiando e interpretando sua própria e triste vida, fará dela algo melhor ao menos no instante que ouve as palmas ou risos de seu infiel publico, porem também sabedor de que ao se fecharem as cortinas e o publico se for estará novamente sozinho em sua melancólica e já perdida batalha diária.


Até uma próxima ou não...


Gostas Do Delírio Baby!